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O Crescimento da Telemedicina e do Atendimento em Domicilio

telemedicina e atendimento domiciliar

Por Maristone Gomes


Telemedicina e atendimento em casa: novos formatos que chegaram para ficar

Para conter a disseminação do vírus da Covid-19, adotamos novos hábitos. Algumas dessas rotinas devem continuar mesmo depois que a doença estiver sob controle. Um exemplo são os novos formatos de atendimento médico. Em 2020, muitos usaram pela primeira vez serviços como coleta de sangue para exame em casa, consultas por telemedicina, sessão com psicólogo online ou visita de fisioterapeuta em domicílio. Essas opções devem permanecer daqui para frente e o futuro da saúde hiperconectada e personalizada é bastante promissor.

A mudança na forma como “vamos ao médico” tem três partes importantes. Primeiro, a criação de uma lei específica para normatizar o atendimento a distância durante a pandemia. Em segundo lugar, o início do TeleSUS, um serviço de consulta remoto do Sistema Único de Saúde (SUS) para orientar pacientes com suspeita de Covid. E o terceiro ponto é o aumento expressivo no número de atendimentos em domicílio e por telemedicina realizados por empresas de saúde privadas. 

Vamos ver cada um desses pontos detalhadamente.

Telemedicina cresceu 

A revista Exame chamou 2020 de “a hora da telemedicina”. Não é para menos. A maior plataforma para atendimento médico a distância no Brasil é o TeleSUS, lançado em abril pelo Ministério da Saúde. Segundo dados do órgão, até junho o aplicativo do Sistema Único de Saúde já havia sido utilizado por 25 milhões de pessoas. Os resultados dessas consultas foram, de modo geral, positivos, 75% dos pacientes apresentaram melhora no quadro clínico (22% ficaram estáveis e 7% pioraram). Cerca de 1,8 milhão de pessoas usaram o app para ter consultas a distância com profissionais de saúde.

Em julho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS ) reuniu-se com empresas de plano de saúde particulares, para acompanhar como elas estavam atendendo os segurados durante os meses mais críticos da pandemia. Os números são expressivos.

A Amil, por exemplo, realizou seis vezes mais consultas por vídeo em abril de 2020, em comparação com o mesmo mês em 2019. A SulAmérica fez 15 vezes mais consultas por telemedicina, também comparando com o ano passado. Já a Prevent Senior realizou 56 mil atendimentos online nesse mesmo período. Os dados são da CNN. E ainda temos um recorde, o Grupo NotreDame Intermédica, divulgou recentemente que fez 800 mil no ano passado. 

Com a pandemia, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, registrou um aumento de 1.330% nas teleconsultas (de 70 para mil por dia) e de 2.400% nos teleatendimentos (de 200 para 5 mil por dia).

A procura por atendimento psicológico online também cresceu. A plataforma Moodar, que oferece serviços de psicólogos, psicanalistas, coaches e psicoterapeutas por videoconferência, registrou um aumento de 1500% no número de clientes cadastrados, em relação a 2019.

Regulamentação da telemedicina

Consultas por telemedicina já existiam antes da pandemia. A Folha de São Paulo conta que, no Brasil, essa história começou em 1985, quando a Universidade de São Paulo (USP) fundou a disciplina de informática médica da Faculdade de Medicina. A partir de 2000, surgiram tecnologias que permitiram a realização de teleconferências e teleducação na área médica. Em 2002, o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução que definia e autorizava a prestação de serviços a distância.

A interação com profissionais de saúde online ganhou novo status em abril do ano passado. Para atender a demanda que surgiu com a pandemia, o CFM e o Ministério da Saúde elaboraram regulamentações adicionais por meio da Lei 13.989. A nova legislação equipara o atendimento à distância com as consultas tradicionais. Entre as regras estabelecidas para as teleconsultas estão a obrigatoriedade de que elas sigam os mesmos padrões normativos e éticos do atendimento presencial e que os profissionais de saúde informem aos pacientes as possíveis limitações da consulta online. 

A nova lei foi escrita especificamente para o cenário da Covid, precisamos acompanhar como serão as regulamentações depois da pandemia. A Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms) divulgou, em setembro, uma nota pública na qual pede a continuidade das regulamentações temporárias da lei 13.989.

No documento, a ABTms “recomenda que a Telemedicina e a Telessaúde se tornem uma Política de Saúde de Estado, a despeito do cenário atual da pandemia pelo Coronavírus Covid-19”. 

Aumento do atendimento em casa

A demanda por atendimento de saúde em domicílio também cresceu com as limitações impostas pelo combate à Covid. Os idosos foram os que mais contrataram esse serviço. 

Já em maio de 2020 , o Grupo Sabin de medicina diagnóstica reportou um crescimento de 43% na demanda por coleta de material para exames feitos em casa.

O home care já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Um informativo divulgado pela Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp), afirma que o número de estabelecimentos que prestam serviços de home care praticamente triplicou no país nos últimos seis anos. O censo do Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (NEAD) mostrou que 292 mil pacientes receberam tratamentos em casa, em 2019. O NEAD estima que, por ano, as empresas do setor geram uma receita conjunta de R$ 10,6 bilhões.

Essa tendência é internacional. Junto com outras companhias, a Amazon, fundou a Moving Health Home. O objetivo da iniciativa é propor projetos de lei e pressionar o governo norte-americano a priorizar o tratamento em casa e a incentivar serviços de saúde em domicílio. Estão seguindo os passos da Salvus, mas gostei da ideia e seria incrível lançar esse movimento também aqui no Brasil. 

O atendimento de saúde em domicílio está tão em alta que até a procura por partos em casa aumentou. A informação é da Revista Crescer, que apurou os dados junto a parteiras e doulas.

Tecnologia para o atendimento a distância

As possibilidades de tecnologia para acompanhar um paciente a distância são muitas e variam das mais simples às mais complexas. 

Para consultas por vídeo, por exemplo, é preciso que as duas pontas da ligação tenham conexão estável à internet, câmera e microfone razoavelmente bons. Essa não é a realidade média do brasileiro.

O TeleSUS foi muito bem sucedido em termos de alcance, mas também foi possível detectar dificuldades dos pacientes no acesso. Um estudo conjunto da Fiocruz, Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), mostrou que 41% dos profissionais de saúde das equipes de atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) estão usando o WhatsApp para acompanhar pacientes de Covid. O app de mensagem só ficou atrás da boa e velha ligação por telefone nas alternativas de checagem a distância, que foi feita em 78% dos casos. 

Uma das limitações da telemedicina, ressaltada inclusive na lei 13.989, é a impossibilidade dos exames físicos. Para isso, ferramentas de monitoramento a distância como as que desenvolvemos na Salvus, são essenciais. 

Tendência: atendimento de saúde a distância e em domicílio devem continuar depois da pandemia

A telemedicina e o atendimento em casa vieram para ficar.  

Entrevistado pela Revista Saúde, Eduardo Cordioli, médico de telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, imaginou um cenário não muito distante no qual as pessoas terão diferentes opções e poderão combinar métodos para ter um atendimento completo. Para ele, “a consulta física e a virtual são complementares, e não excludentes”. Uma não elimina a outra. A tendência é que, no futuro, a consulta seja iniciada de forma virtual e, caso o médico ache necessário, uma consulta presencial será agendada para complementar.

No ano passado, a Fehoesp realizou o primeiro Congresso Brasileiro de Desospitalização para discutir cuidados de saúde em domicílio. Na ocasião, os participantes defenderam o fim do modelo hospitalocêntrico, isto é, da visão que prioriza a hospitalização mesmo que ela não seja a opção mais benéfica ou acessível para o paciente.

A mudança cultural e as novas tecnologias que possibilitam ainda mais escala e eficiência operacional devem acelerar ainda mais essa tendência. Estamos acompanhando a evolução dessas novas jornadas de atendimento e trabalhando em soluções de tecnologia para deixá-las ainda melhores, mais rápidas e baratas. 

Fontes:

Jornal Nexo

Associação Brasileira de Planos de Saúde – Abremge

CNN

Ministério da Saúde 1

Ministério da Saúde 2

Agência Nacional de Saúde Suplementar

Saúde Business 1

Saúde Business 2

Exame 

Secretaria-Geral da Presidência da República

Medicina S/A

Revista Crescer

ABTms

HuffpostBrasil

Revista Saúde

MedYes

Sanar Saúde 

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