10 tendências no mercado de saúde em 2021
A principal crise de saúde mundial do século não terminou com a virada do ano. Como não poderia deixar de ser, o impacto causado pela Covid-19 em 2020, continuará a ecoar por 2021 e com certeza pela próxima década. Profissionais e empresas das indústrias médica, farmacêutica e de bem-estar, assim como governos e instituições civis vão continuar lidando com as consequências da pandemia. Tendências relacionadas às ações de combate ao vírus já despontam. O que podemos esperar do setor de saúde este ano?
Em 2020, a tecnologia ficou ainda mais presente em nossas vidas e a forma como nos cuidamos também se digitalizou. De consultas online a aplicativos que monitoram atividades físicas, as ferramentas de saúde ficaram mais próximas e mais personalizadas.
Abaixo, apresento 10 tendências que se intensificaram agora em 2021 no setor de saúde.
1- O novo normal da saúde: telemedicina e outros serviços remotos
O cuidado com a saúde foi digitalizado e diversos serviços passaram a ser oferecidos a distância. Essa tendência deve se fortalecer em 2021, com o aumento das opções. E não vai ser só telemedicina, não. Segundo um estudo da Delloite, “tecnologias como visitas virtuais, monitoramento remoto de pacientes, saúde móvel e sistemas de resposta de emergência pessoal” são algumas das alternativas que devem crescer em oferta e demanda.
Para o site Rock Health essa tendência já está começando a revolucionar todo o setor de saúde. “Nos próximos anos, os modelos de negócios habilitados digitalmente mudarão o equilíbrio de poder dentro dos setores e em toda a cadeia de valor da indústria. Isso, por sua vez, criará oportunidades, estratégias competitivas e rotações de lucro sem precedentes”.
2 – Regulamentações: novas regras serão necessárias
As leis e regulamentações vão ter que acompanhar as transformações tecnológicas da saúde. No ano passado, um grande passo foi dado por conta da emergência causada pela pandemia. A telemedicina, que já vinha sendo discutida há anos, foi normatizada em 20 de março, pela Portaria 467, em caráter excepcional.
Acontece que os avanços continuam acontecendo e novas regras vão ser necessárias para regulamentar atividades. Elementos como preço, transparência, privacidade e gestão de dados são alguns dos que devem passar pelo escrutínio da lei. Em 2021, deveremos acompanhar discussões sobre esses temas. Esse ponto me preocupa bastante, pois podemos ficar muito atrás de países com gestão e capacidade e atualização legal mais ágil, pois aqui além das agências reguladoras, dependemos de um jogo político complexo e ineficiente
Outro caminho é a criação de padronizações pelas próprias empresas ou organizações do setor. Um exemplo é o manual de indicadores desenvolvido pelo Núcleo de Empresas de Atenção Domiciliar (NEAD) no fim do ano passado.
3 – Tecnologia para pesquisa: a ciência médica também se digitalizou
Os processos farmacêuticos também foram transformados pela tecnologia em 2020 e essa tendência deve se fortalecer em 2021. Para o Rock Health, “se a última década de digitalização de processos existentes, esta será a década da transformação digital na ciência da medicina”. Tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning serão cada vez mais usadas para otimizar testes clínicos e analisar dados coletados. Companhias de biotecnologia e farmacêuticas usam algoritmos de aprendizado de máquina para reduzir drasticamente o ciclo de desenvolvimento dos medicamentos e vacinas, o que com certeza irá baratear muito e abrir uma janela para descentralização e democratização dessa indústria. O segredo aqui estará na educação para formação de profissionais de saúde e tecnologia ou híbridos com conhecimento nessas tecnologias.
4 – Experiência do usuário: o ser humano no foco
Com tanta solução tecnológica no mercado, o diferencial vai estar no olhar para o ser humano. Os pacientes têm acesso sem precedentes à informação e os wearables, que monitoram diferentes indicadores, estão cada vez mais populares. Até 2023, a previsão é que o mercado de dispositivos vestíveis, atinja um valor de mercado de US$ 27 milhões, segundo o Canaltech.
Com usuários ultra conectados, os serviços de saúde deverão ter foco personalizado. O paciente está mais consciente sobre a própria saúde e quer ter participação ativa nos tratamentos. Irão se destacar no mercado as empresas que conseguirem engajar esse público por meio de uma experiência do usuário (UX) adequada. Essa tendência é demonstrada e canalizada pelas empresas que estão desenvolvendo modelos de “planos de saúde digital” e nos últimos 03 meses captaram mais de 500 milhões de reais só aqui no Brasil.
5 – Tecnologia para gestão de processos
Outra tendência para 2021 é que a tecnologia de ponta seja usada também internamente. Ou seja, para gerir demandas administrativas e logísticas das instituições de saúde como a gestão dos fluxos de trabalho.
Um exemplo é a HAI (Health Assistive Intelligence), Plataforma da Salvus que integra toda a jornada da assistência domiciliar das empresas de Home Care. Da indicação da desospitalização, operação da atenção e internação domiciliar a alta do paciente. Ela atua em todas as fases seguindo as exigências regulatórias e requisitos contratuais com as operadoras, auxiliando no planejamento e eliminando desperdício de tempo, desperdício de materiais medicamentos, aumentando a qualidade e eficiência do atendimento com o monitoramento contínuo e integral dos pacientes e jornada dos profissionais.
6 – Consolidação de plataformas: separando o joio do trigo
Para alguns prestadores de serviços de saúde a migração para ferramentas digitais teve que acontecer às pressas. Em 2021, deveremos ver a consolidação dessas plataformas, com fusões e aquisições. As soluções vão amadurecer, a qualidade dos atendimentos vai aumentar e, possivelmente, teremos espaços virtuais distintos para diferentes especialidades, como já é o caso das consultas remotas com psicólogos. O Rock Health aposta nas empresas farmacêuticas ocupando mais espaços virtuais e em investimentos ainda mais altos das gigantes de tecnologia, como Google, Apple e Amazon, no setor de saúde. No Brasil esse item deve demorar um pouco mais.
7 – Mais investimentos: tendência de alta vai continuar
E por falar em investimentos, a tendência é continuar a alta de aportes de 2020. No ano passado, as startups brasileiras receberam um recorde de capital: 3,1 bilhões de dólares, segundo um relatório da consultoria Distrito. Esse valor representa um crescimento de 70% em relação a 2019 e o mercado está esperando uma manutenção nesse fluxo. As fintechs e healthtechs devem permanecer como as que receberam mais atenção dos investidores. Apostaria em um crescimento de 100%, no mínimo, do volume de investimentos esse ano.
8 – Inteligência artificial
O crescimento da inteligência artificial (IA) deve continuar e o Canaltech mostrou números bem expressivos. “O uso da IA na área da saúde digital deve aumentar consideravelmente nos próximos anos, com o mercado ultrapassando 34 bilhões de dólares até o ano de 2025 e 67 bilhões de dólares até 2027”.
O estudo da Deloitte mostra que alguns dos setores a se beneficiar do aprimoramento da IA na saúde são a análise preditiva, diagnóstico médico e documentação clínica, assim como a pesquisa genética, medicina de precisão, e exames por imagem. A consultoria diz que os avanços impulsionados pela inteligência artificial vão impactar positivamente toda a cadeia de saúde, sendo usada tanto para melhorar a experiência do paciente como para organizar o fluxo de trabalho operacional dos médicos.
9 – Internet das coisas
A pesquisa da Deloitte também destacou o crescimento de soluções de Internet das Coisas (IoT) para a saúde. “Além de monitorar os pacientes em suas casas, as inovações em sensores e comunicações sem fio permitem que os pacientes sejam acompanhados enquanto estão em trânsito. Graças à IoT médica, os pacientes podem fazer as atividades que desejam fazer em seus próprios termos, mas permanecer conectados aos seus cuidadores”.
Na Salvus, desenvolvemos o ATAS 02, uma plataforma IoT dotada de inteligência artificial que monitora, em tempo real, o consumo de oxigênio nos hospitais, clínicas e até na casa do paciente. Entre outras ações, a solução é capaz de prever quando os cilindros vão acabar, avisar da necessidade de reposição, e organizar a logística para a compra e entrega do insumo. Além disso, realiza auditorias clínicas em tempo real e lança todo consumo diretamente na conta do paciente.
10 – Ressaca: vamos cansar do digital?
Tanta opção tecnologia talvez gere uma saturação. A Rock Health compara as healthtechs em crescimento com as gigantes das redes sociais. Depois de alguns anos de “lua de mel”, a relação azedou. Os motivos de discordância são questões de transparência, privacidade e uso de dados. As empresas de saúde devem aprender a lição e não caírem no mesmo erro. Talvez, no futuro, seja preciso haver outra transformação no setor para humanizar o que foi digitalizado. Alguns especialistas já falam em modelos híbridos, concordo muito com isso. Mas aí, já é conversa para outro post, talvez sobre as tendências para 2022. Vamos nessa!
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